Por Juliana Pierre, M.V.
Dr Karel e EquipeVet
Tumores mamários são raros em machos, mas
muito comuns em fêmeas de cães, compreendendo cerca de 50% dos diagnosticados
nesta espécie. Em gatas, a incidência é um pouco menor, mas ainda contabiliza
aproximadamente 1 terço dos tumores diagnosticados. Nas cadelas,
aproximadamente metade dos tumores mamários são malignos, caracterizando
câncer, enquanto em gatas, são mais de 90%.
A origem deste tipo de tumores ainda não está
totalmente estabelecida, mas existem diversos estudos que correlacionam seu
aparecimento com a ação de hormônios femininos sobre as glândulas mamárias. Os
principais hormônios que podem estar envolvidos nesse mecanismo são o estrógeno
e a progesterona, além de prolactina em menor escala.
Sabidamente, a progesterona exógena
(anticoncepcional injetável), estimula a formação de hormônio do crescimento na
glândula mamária, gerando neoplasia da mesma.
Não existe predisposição racial determinada,
mas se sabe que as raças Beagle e Boxer são menos predispostas para tumores de
mama. Sabe-se também que a probabilidade de aparecimento dos tumores aumenta
com a idade do animal, sendo mais comum em fêmeas de 10 a 11 anos.
A maioria das neoplasias mamárias em animais
pode ser prevenida por meio da ovariohisterectomia, popularmente conhecida como
castração; se o procedimento for realizado antes do primeiro período estral da
fêmea (cio), a chance de aparecimento de tumores nas mamas diminui para 0,05%,
enquanto que feito entre o primeiro e o segundo cio, passa a ser de 8%.
Os tumores podem surgir nos mamilos ou tecido
glandular (Figura 1), sendo que em sua maioria se apresentam como diversos nódulos por
várias mamas, e não restritos a apenas uma.
Figura 1 - Tumor em tecido mamário - entre mama abdominal caudal e inguinal (Fonte: Arquivo Pessoal) |
A avaliação do animal como um todo é
essencial, verificando como está tanto ao exame físico, quanto ao que diz respeito
a exames laboratoriais.
A classificação tumoral maligna mais comum
tanto em cadelas quanto em gatas é o carcinoma, mas podem também ocorrer
sarcomas e carcinosarcomas, além de carcinoma inflamatório – quando há
disseminação neoplásica pelo tecido linfático periférico às mamas, um processo
geralmente extremamente inflamatório e doloroso.
Como o câncer de mama pode produzir
metástases em outros órgãos (se espalha) como pulmões, fígado, linfonodos, rins
e tecido ósseo, é necessário fazer um minucioso exame da fêmea que chega ao
consultório apresentando nodulação nas mamas. Este exame inclui, portanto,
ultrassonografia abdominal e radiografia torácica, a fim de pesquisar a
existência ou não de metástases nos órgãos os quais são visualizados por esses
exames.
O tratamento inicial, quando não há
comprometimento metastático de órgãos internos, compreende a retirada de todo o
tecido mamário acometido ou não pelos tumores, com grande margem de segurança.
Tal procedimento pode ser dividido em vários tempos cirúrgicos, conforme a
necessidade, mas o mais comum é ser dividido em duas cirurgias, uma para cada
linha de cadeia mamária – esquerda e direita. Desta forma, a mastectomia
parcial é relativa a retirada apenas da(s) glândula(s) mamária(s) acometida(s),
por exemplo em casos de tumores muito grandes; a mastectomia unilateral
compreende a retirada de uma linha mamária, direita ou esquerda; e a
mastectomia radical, a retirada de todas as mamas em uma única cirurgia.
Feito isso, a quimioterapia pode ser
instituída para alcançar a cura ou ainda para diminuir a taxa de crescimento ou
aparecimento de novos tumores ou metástases.
Figura 3 - Animal apresentado em pós operatório imediato de mastectomia parcial na figura 2 (Fonte: Arquivo Pessoal) |
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Fontes:
HEDLUND, Cheryl S..
Surgery of the reproductive and genital systems. In: FOSSUM, Thereza
Whelch. Small
Animal Surgery. 3. ed. St. Louis: Elsevier, 2007. Cap.
26. p. 702-774.
FELICIANO, Marcus Antonio Rossi et al.
Neoplasia mamária em cadelas: Revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de
Medicina Veterinária, Garça, n. 18, jan. 2012.