A
esporotricose se trata de uma micose cutânea ou subcutânea, ou seja, que
acomete a pele e também vasos linfáticos próximos ao local infectado.
É
causada por fungos do complexo Sporothrix, espécies schenckii e brasiliensis,
sendo esta ultima considerada a mais comum no Brasil, que pode atingir seres humanos e animais,
principalmente os gatos, mas podendo também acometer cães e ratos.
Os
fungos deste complexo são encontrados em componentes do meio ambiente, principalmente
no solo e vegetações com espinhos, além de matéria orgânica em decomposição, em
especial nas regiões de clima quente e úmido. Desta forma, a doença tem sido
relacionada a arranhaduras de gatos infectados, devido aos hábitos felinos de
se esfregar no solo, enterrar suas excretas e afiar as unhas.
Em
humanos, costumava ser considerada esporádica e ocupacional, que acometia
principalmente profissionais de agricultura, floricultura, médicos
veterinários, tratadores e responsáveis por animais.
Em
nosso país, desde 1998, a cidade do Rio de Janeiro vive situação de epidemia de
esporotricose em gatos e seres humanos, além disso a região metropolitana de
São Paulo também tem demonstrado aumento do numero de casos diagnosticados (VÍDEO ABAIXO: PARTE 1).
A
infecção nos animais ocorre quando da penetração do fungo na pele, geralmente
decorrente de brigas, que ocasionam arranhaduras na face, local de maior
incidência das lesões nos felinos. Já em humanos, a infeção se dá frequentemente
por meio da inoculação traumática de material contaminado pelos fungos em
feridas ou cortes na pele, assim como através do contato direto com feridas de
animais doentes.
Nos
felinos, inicialmente os sintomas aparecem na cabeça, membros ou base da cauda,
atingindo com menos frequência a região dos olhos e boca. As feridas são
semelhantes as decorrentes de brigas, sendo circulares elevadas, com alopecia
(falta de pelos), evoluindo para ulceração e necrose, podendo possuir crostas e
exsudato purulento e/ou hemorrágico. Em geral, demoram a cicatrizar ou não
cicatrizam, apresentam baixa resposta ao uso de medicamentos antibióticos e
evoluem rapidamente para piora, se disseminando pelo corpo. Em alguns casos, os
linfonodos atingidos pela infecção se apresentam como nódulos enfileirados, por
vezes exsudativos, dotando um aspecto de “rosário”, que é um sinal chamado
“rosário esporotricótico”. Nos animais mais debilitados, pode atingir cadeias
lilnfáticas, pulmões, fígado, baço, rins, entre outros órgãos, podendo evoluir
para a morte.
Em
humanos, os sintomas em geral são mais brandos, com maior frequência surgem
feridas nos braços e no rosto, sendo raro o envolvimento de órgãos internos,
com exceção dos linfonodos. Diabetes, uso prolongados de medicamentos
corticosteroides e imunodeficiências predispõem a apresentação extracutânea e
disseminada da doença.
O
diagnóstico tanto em humanos quanto em animais é realizado através da
combinação dos sintomas caraterísticos da doença, histórico e exames de
laboratório, que inclui a citologia aspirativa e cultura fúngica das secreções.
Atualmente, a biópsia de pele e o emprego de testes sorológicos e moleculares
facilitam o diagnóstico em humanos.
Uma
vez diagnosticada a doença, todas as pessoas em contato com o animal ou o
humano infectado devem ser orientadas e/ou tratadas adequadamente (VÍDEO ABAIXO: PARTE 2).
Tg Cat's Alerta: Esporotricose Parte 2
O
tratamento de escolha consiste no uso prolongado do antifúngico Itraconazol por
via oral, não podendo ser suspenso em hipótese alguma antes do período
determinado pelo médico ou médico veterinário. Em geral, o tratamento corre ao
longo de 6 meses a um ano, e justamente por isso permanece negligenciado,
devido ao custo. Enquanto não estiver livre do fungo, o felino portador
permanece como potencial transmissor, ainda que não apresente sintomas.
É
importante salientar que animais doentes NÃO DEVEM ser abandonados pelo fato de
existir tratamento para a doença e também para minimizar a transmissão. Além
disso, em caso de óbito do animal doente, o mesmo deve passar por processo de
cremação evitando disseminação para o solo através de enterro.
Não
existem ainda vacinas preventivas para esta infecção, sendo que a castração de
felinos saudáveis evita as fugas e brigas, diminuindo a incidência da
doença. Desta forma, a posse responsável
permanece como principal forma de prevenção (VÍDEO ABAIXO: PARTE 3).
Tg Cat's Alerta: Esporotricose Parte 3
Fontes:
http://www.crmvsp.gov.br/site/noticia_ver.php?id_noticia=5549,
acesso em 20/03/2017.
http://agencia.fapesp.br/doenca_emergente_que_afeta_gatos_pode_atingir_humanos/24900/,
acesso em 20/03/2017.