Por Juliana Cristina de Oliveira Pierre, MV
DrKarel&EquipeVet
O
complexo hiperplasia endometrial cística (HEC) – Piometra é uma afecção muito
comum na clínica de pequenos animais. Apesar de poder ocorrer em cadelas de
quaisquer idades, cadelas idosas, entre 6,5 e 8,5 anos parecem ter maior
predisposição ao acometimento, talvez devido à repetida estimulação hormonal
uterina. Também as fêmeas nulíparas, ou seja, que nunca pariram, apresentam uma
incidência da doença cerca de 6 vezes maior do que primíparas (que pariram uma
vez) e multíparas (que pariram diversas vezes). Ainda, o uso de progestágenos (contraceptivos/anticoncepcionais)
parece ter grande influência para sua incidência.
A
HEC ocorre durante ou após o diestro (fase do ciclo estral da cadela), quando a
concentração de progesterona é alta, ou após a administração de progestágenos
exógenos. A progesterona, dentre muitas funções, estimula a proliferação das
glândulas endometriais e sua ação secretória, ocasionando aumento da quantidade
de líquidos intra-uterinos. A essa fase denominamos hidrometra ou mucometra.
Quando as bactérias, geralmente de origem vaginal, migram ao útero e iniciam
processo de colonização do mesmo, dá-se o nome de piometra.
Clinicamente
a piometra é classificada como aberta, quando a cérvix uterina (Figura 1) se
encontra relaxada e existe corrimento vaginal que varia de mucopurulento a
sanguinolento, ou fechada, quando a cérvix se encontra fechada, portanto, sem
presença de corrimento vaginal, e geralmente acompanhada de sinais sistêmicos
mais graves.
Figura 1: Esquema
simples demonstrando a anatomia reprodutiva de uma fêmea canina.
Fonte: http://amigodepatas.vet.br/doencas/piometra.htm
A
cadela pode apresentar inapetência, anorexia, apatia, febre, desidratação e
polidipsia (aumento da ingestão de água). Além disso, o útero geralmente é
palpável ao exame físico.
Caso
a piometra curse sem tratamento pode evoluir para septicemia e/ou endotoxemia,
desencadeando alterações renais e hepáticas, podendo levar o animal a um quadro
de choque que evolui para o óbito.
Exames
laboratoriais como eritrograma, leucograma, ultrassonografia abdominal e
radiografia abdominal ajudam no diagnóstico definitivo, associados à história
clínica e sintomas do animal.
O
tratamento de eleição é cirúrgico, através da ováriossalpingohisterectomia
(castração), o mais breve possível. Inicialmente, o animal pode passar por
fluidoterapia intravenosa e ser tratado com antibióticos e antiinflamatórios, a
fim de ser estabilizado e então encaminhado para a cirurgia.
Existem
ainda, alguns tratamentos alternativos para cadelas de alto valor reprodutivo,
mas que podem não ser bem sucedidos e geralmente resultam em recidivas, o que
consequentemente também não garante a permanência da fertilidade da mesma.
É
importante lembrar, que a doença pode acontecer em gatas, em
muito menor escala, e a forma de prevenção mais simples, para ambas as espécies canina e felina, é a castração precoce,
que previne também outras doenças do trato reprodutivo de fêmeas, como tumores
de ovário, útero e mamas.
Referências
bibliográficas
JOHNSON,
Cheri A.. Distúrbios do Sistema Reprodutivo: Distúrbios da Vagina e do Útero.
In: NELSON, Richard W.; COUTO, C. Guilhermo. Manual de Medicina Interna
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MARTINS,
Danilo Gama. COMPLEXO HIPERPLASIA ENDOMETRIAL CÍSTICA/PIOMETRA EM
CADELAS: FISIOPATOGENIA, CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS, LABORATORIAIS E
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Veterinária, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal-sp, 2007. Disponível
em: <http://www.fcav.unesp.br/download/pgtrabs/cir/m/2998.pdf>. Acesso
em: 10 mar. 2014.