Por Juliana Cristina de Oliveira Pierre, MV
Dr Karel & EquipeVet
Tumores da glândula adrenal
ocorrem com certa frequência em cães, sendo mais comumente diagnosticados os
adenomas e carcinomas. A glândula adrenal possui função endócrina e se divide
em duas regiões: a cortical, responsável pela produção de aldosterona, cortisol
e alguns hormônios sexuais; e a medular, responsável pela produção de
catecolaminas. O principal hormônio, nesse caso, é o cortisol, que está
envolvido em diversos processos metabólicos do organismo, tais como a conversão
de proteínas a glicogênio, degradação proteica muscular e metabolismo de
gorduras.
Os carcinomas tendem a ser grandes
e podem invadir estruturas locais, como rim, fígado e veia cava, ou ainda
produzir metástases no pulmão e fígado. É rara a incidência de tumores adrenocorticais
bilaterais, sendo mais comum que uma glândula adrenal possua tumor e a outra se
apresente atrofiada.
A ultrassonografia abdominal é o
método diagnóstico utilizado para a identificação de tumores nesse órgão.
Ainda, podem ocorrer alterações sistêmicas, tais como alteração nos índices de
cortisol, que culmina em diversas outras alterações, como eritrocitose (aumento
das células vermelhas), aumento da atividade sérica da enzima fosfatase
alcalina, hipercolesterolemia (aumento do índice sérico de colesterol), lipemia
(presença de gordura no sangue) e hiperglicemia (aumento do nível de glicose
sanguínea).
O tratamento de escolha para
esses tumores é a retirada completa da glândula acometida por meio de cirurgia,
mas existe também o tratamento quimioterápico com uso de uma droga denominada
mitotano, quando em casos de animais gravemente doentes, idosos, ou
impossibilitados de serem submetidos à anestesia.
Após a cirurgia, a expectativa de
vida dos cães sem uma glândula adrenal é cerca de 36 meses, o que aumenta com a
associação quimioterápica voltada para o determinado tipo de tumor
diagnosticado por biópsia.
A Florzinha, uma mestiça
Pinscher, é uma de nossas pacientes e teve um tumor adrenal diagnosticado por
acaso através de exame ultrassonográfico devido a problemas gastrointestinais.
Ela passou por cirurgia para retirada da glândula e deu início ao tratamento
quimioterápico, uma vez que foi diagnosticado carcinoma adrenocortical. Devem
ser realizadas cerca de 6 sessões de quimioterapia para conter a disseminação
do tumor pela cavidade abdominal e ela estará assistida por toda a equipe de
nossa clínica durante esse período. Fazemos votos de que ela ainda tenha uma
vida longa e saudável sob nossos cuidados.
Florzinha, Canina, Mestiça Pinscher, Adulta - Fotos do retorno para retirada de pontos 10 dias após a cirurgia. Fonte: Arquivo pessoal.
Fontes:
NELSON, Richard W.; COUTO, C.
Guilhermo. Manual de Medicina Interna de Pequenos Animais. 2.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Cap. 8. p. 833-843.
http://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/adrenal.pdf
http://www.fisfar.ufc.br/v2/graduacao/arquivo_aulas/leticia/aula_adrenal.pdf